Romance
O Inferno de Gabriel.
O Inferno de Gabriel foi um dos livros que mais me deixaram curiosa esse ano. Desde o lançamento li inúmeras resenhas e comentários elogiando a obra, e sabe quando um livro fica tão evidente que você sente que precisa muito conhecer aquela história que corre o risco de ficar maluca de curiosidade?
Pois é, esse livro era um super desejado da minha lista de leituras. Então, esse mês tive a oportunidade de "matar a minha sede" por O Inferno de Gabriel. :)
A narrativa gira em torno de Gabriel Emerson e Julianne Mitchell. Ele é um professor prestigiado especialista em Dante e que apesar de ter uma vida sofisticada cheia de regalias que o dinheiro pode comprar, e de ter as mulheres que deseja aos seus pés, é atormentado por um passado sinistro que lhe causa muita dor e o faz rejeitar a si mesmo.
Julia Mitchell é uma tímida e desajeitada estudante de mestrado que vai para a Universidade de Toronto com o objetivo de se especializar em Dante. Dessa forma, ela acaba por se tornar aluna de Gabriel, o único professor que ministra o curso sobre Dante.
Desde o inicio eles não se dão bem, Gabriel é arrogante, grosso e se acha superior e quase sempre faz os outros se sentirem insignificantes. Julia com sua personalidade mansa e passiva se torna o alvo mais fácil da rabugice do professor.
Só que na verdade a moça não está matriculada naquele curso por obra do simples acaso, Julia conheceu Gabriel quando tinha apenas 17 anos e se encantou por ele à primeira vista, no entanto seu belo professor parece não lembrar dela, mas a presença de Julia o incomoda de uma forma que ele não consegue ignorar.
Ela também sofre com segredos e feridas que a deixaram bastante traumatizada no passado e assim, duas almas perturbadas e sofridas encontraram no amor um caminho para fugir do inferno em que acreditam estar.
Gabriel suspirou com força e levou as duas mãos à nuca. Não estava irritado com ela; estava irritado consigo mesmo. E sentia vergonha. Parte dele queria rechaçá-la de propósito - desnudar-se diante dela, sem esconder nada -, para que o visse como realmente era; uma criatura tenebrosa e sinistra desmascarada pela sua virtude. Então talvez ela fosse embora..." pág. 148
O Inferno de Gabriel foi uma das leituras mais ricas que fiz esse ano, poucos livros me impressionaram tanto em questão de conteúdo como esse fez. Vocês já devem ter percebido que eu gosto de romances, gosto muito, mas quando a leitura oferece bem mais do que isso tudo fica ainda mais prazeroso.
A bagagem de conhecimento clássico que Sylvain Reynard apresenta em sua obra deslumbra e toca qualquer leitor, é um elemento que traz sensibilidade à narrativa.
O Inferno de Gabriel foi inspirado na aclamada obra de Dante Alighieri A Divina Comédia, eu não conhecia muito sobre essa obra apenas o básico, mas com a leitura desse livro eu senti a necessidade de pesquisar e conhecer um pouco mais. A Divina Comédia é um poema onde narra a jornada de Dante pelo Inferno, Purgatório e Paraíso, onde ele é guiado no Inferno e Purgatório por Virgílio e no Paraíso por sua amada Beatriz.
A alusão a obra de Dante faz com que a história de Gabriel seja ainda mais interessante e enigmática; a personalidade do personagem e sua aura sombria faz com que ele se destaque na narrativa.
Outro ponto que me agradou muito durante a leitura foi as referências a outros livros, autores, músicas, esculturas, poemas e inúmeras obras de arte. Tudo isso enriqueceu ainda mais o texto sem falar que deixa o leitor curioso e querendo conhecer aquilo que é descrito pelos personagens.
Apesar de ter se mostrado esnobe e arrogante no inicio do livro, as atitudes e comportamentos de Gabriel vão mudando no decorrer da narrativa até chegar um momento que você se surpreende com o que ele se transforma. Julia desperta nele sentimentos bons é tocante e lindo vê-lo mostrar seu lado atencioso, romântico, generoso e mais humano bem diferente do seu lado pecador, cheio de vícios, egoísta e soberbo.
A função da Julia na história fica muito clara desde o inicio, ela é uma espécie de "antídoto" para a alma sombria de Gabriel dá para perceber com clareza na forma como Sylvain Reynard descreve a personagem. Julia é bondosa, pura, generosa e cheia de sentimentos bons, incapaz de atacar ou fazer mal a alguém mesmo que seja para se defender.
Sei que a personagem precisava ser bem idealizada distante da realidade, para que pudesse estar mais próxima possível da Beatriz de Dante que é como Gabriel enxerga Julia, mas algumas características de Julianne me irritaram muito. Sua timidez excessiva, seu corar incessante, o morder de lábios (isso lembra alguém?). Houve momentos em que pensei que a garota fosse muda, sério ela não conseguia se expressar na presença de Gabriel e quando ele a atacava verbalmente e a humilhava, a garota aceitava tudo calada.
Julia tem quase nenhuma auto-estima e sua sexualidade foi quase destruída, Gabriel tem um papel fundamental na transformação dela. Os momentos onde o aspecto carnal do relacionamento dos dois entra em foco vemos uma delicadeza e suavidade nas descrições das cenas, nada é tão explicito e o envolvimento dos personagens acontece de forma natural e gradativa, vai evoluído no decorrer da história.
O livro é narrado em terceira pessoa onde temos uma visão ampla dos sentimentos e emoções dos personagens, apesar das menções sobre Arte encontradas no texto a linguagem de Sylvain Reynard é fácil, envolvente e a leitura é rápida, pois o leitor fica preso de tal forma que as páginas vão passando sem que você perceba, minha leitura durou apenas dois dias. A narrativa flui de forma rápida, mesmo a história sendo intensa e abordando temas polêmicos como fé, religião, pecado e perdão a maneira como isso é tratado faz a narrativa ser poética e terna deixando o enredo sublime.
O Inferno de Gabriel é uma obra cativante e brilhante repleta de cultura e conteúdo, feita especialmente para ser apreciada. Recomendo para quem é romântico e deseja se apaixonar a luz do belo cenário italiano.
Boa leitura!
Adorei sua resenha, sempre adoro, mas tem duas coisas que você disse que me fazem passar longe desse livro. Primeiro: me irrita quando eu leio alguma sinopse que diz que o personagem tem um passado traumatizante, e não consigo suportar protagonistas descritas como puras, inocentes, quero protagonistas badass, mesmo em livros de romance, que não são meus preferidos, mas eu gosto, me cansei de protagonistas assim, quero alguém com atitude.
ResponderExcluirbjks
@Juliana Pires Oi Ju! Eu também gosto de personagens com mais atitude, mas tenho um fraco por protagonistas masculinos traumatizados, a personalidade deles me deixa curiosa. Não consigo resistir! rsrsrs
ResponderExcluirBeijos!
Rafa que resenha perfeito, vc me convenceu vou solicitar esse livro a editora, fiquei mega curiosa. Além disso adoro quando livros atuais são declaradamente inspirados em obras clássicas pq acaba despertando sua curiosidade e vc busca beber da fonte lendo o clássico. Além disso as citações sobre arte que vc mencionou nos enriquece e faz pesquisar mais sobre os assuntos abordados. Realmente uma ótima dica de leitura. Obrigada querida!!!!
ResponderExcluirRafa, que resenha! Eu já estava bastante curiosa para ler esse livro, mas não dei muitas chances a ele. Agora que ele está na minha estante, estou pensando em pular alguns livros e começar a lê-lo logo.
ResponderExcluirP.S: Eu também adoro romances!
Beijinhos!
Camila.
loucuradelivros.blogspot.com.br