A Transformação de Raven.

Autor(a): Sylvain Reynard
Editora: Arqueiro
Páginas: 448
Tradução: Fernanda Abreu
Gênero: Romance Sobrenatural
Avaliação: 

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  A resenha de hoje é sobre um daqueles livros que você termina a leitura e sabe exatamente o motivo de admirar o trabalho de um autor. Eu tentei ao máximo fazer essa leitura sem muitas expectativas e grandes exigências, tanto que preferi não ler o conto introdutório, mas a verdade é que é impossível você pegar uma nova série e não comparar com a anterior escrita pelo mesmo autor.

  A Transformação de Raven é o primeiro livro da série Noites em Florença, nova publicação de Sylvain Reynard que também assina a famosa trilogia O Inferno de Gabriel que está entre as minhas preferidas. Os livros do autor ou autora (eu não faço ideia do sexo da criatura! rsrs) possuem uma pegada mais sensual e nessa nova série essa característica permanece, a diferença é que teremos uma trama voltada para o lado sobrenatural.

  Neste livro a história gira em torno de Raven Wood, uma restauradora de pituras renascentistas que trabalha na Galleria degli Uffizi. Raven é uma mulher doce que tem um passado doloroso que a marcou tanto emocionalmente quanto fisicamente; ela tem problemas de autoestima por não se enquadrar no padrão de beleza da sociedade, Raven prefere se esconder atrás de suas roupas largas, óculos grades e sua inseparável bengala. 
  No entanto, a vida pacata de Raven muda completamente quando em uma noite na volta para casa depois de uma festa de amigos do trabalho ela se depara com uma cena revoltante que a deixa indignada; um sem-teto por quem tem uma grande afeição é atacado covardemente e Raven tentando defender o homem acaba sendo brutalmente agredida. 
  A partir daí toda uma sequência de acontecimentos estranhos acontecem, a começar por sua aparência que a faz ficar quase irreconhecível, o trágico roubo das ilustrações de Botticelli que pertencem ao professor Emerson e sua esposa e para completar Raven é a suspeita mais provável para a polícia.  

  Mas é quando William York entra em sua vida que toda essa situação parece ficar mais sombria e  perigosa. A relação e o envolvimento dos dois vai desafiar dois mundos completamente diferentes e testar a cada momento os limites impostos por cada um.

[...] - vou lhe oferecer minha proteção. Em troca você vai me dar o que eu quero.
 - E o que você quer?
William a encarou com um olhar sensual.
- Você". pág. 214

 

  Sylvain Reynard é um autor que conquista o leitor pela maneira como constrói a história, os elementos inseridos na trama e o pano de fundo que dá forma aos conflitos tornam a narrativa rica e a leitura extremamente interessante. Esta nova série conserva esse aspecto que nos conquistou tanto na trilogia O Inferno de Gabriel; as referências sobre pinturas, músicas, passagens bíblicas, mitologia e outras menções culturais proporcionam mais consistência ao texto. 
  Os personagens mais uma vez são extremamente bem elaborados, William mais conhecido como o Príncipe tem uma personalidade mais sombria; o que eu mais gostei neste personagem foi o contraste entre o bem e o mal; William é o "mocinho" mas também pode ser o vilão, afirma ser perigoso, impiedoso e desprovido de coração, mas em alguns momentos mostra um lado mais sentimental. Essa variação de atitude faz com que o personagem seja imprevisível. 
  Raven é a bondade e pureza em pessoa, ela é doce cheia de sentimentos bons, é frágil em algumas situações, mas extremamente forte em outras. Criar personagens femininas que passam uma imagem de pureza, delicadeza e doçura sem que a personagem se torne chatinha ou forçada é algo que esse autor faz com maestria. Raven demonstra bastante insegurança com sua aparência física, mas ao mesmo tempo é bastante resolvida com sua deficiência; é muito bom vê-la se tornar mais confiante e segura e William tem um papel importante nesse processo. 
  Um ponto negativo ao menos para mim foi que a narrativa não se mostrou tão fluida como eu imaginava, o ritmo foi lento e só consegui me envolver completamente com a leitura a partir da página 200, que é quando a história começa a tomar direção e as coisas começam a acontecer de fato. O livro é narrado em terceira pessoa, mas o foco ora está em William, ora na Raven e também muda para outros personagens importantes na trama.  

[...] - Você me capturou Cassita - sussurrou ele. - Nunca tive menos vontade de escapar". pág. 345

   A diagramação é simples e segue o padrão dos outros livros do mesmo autor, adoro as gravuras que antecedem as narrativas, neste livro o destaque é Primavera de Sandro Botticelli que além de proporcionar um clima mais cultural à trama, ainda é essencial dentro da narrativa. As páginas são amarelas, os capítulos são curtos, as letras estão em tamanho confortável e a capa apesar de não ser cheia de detalhes é condizente com a história. 
  A Transformação de Raven é uma leitura agradável, intensa e cativante. Com uma boa dose de sensualidade, um contexto primoroso e muito inteligente esse livro conquista facilmente o leitor. 
  O final é daqueles que clama pela leitura do próximo volume imediatamente; os apaixonados pelo casal Emerson ainda podem se deliciar com cenas extras. Quem gosta de romance sobrenatural com um toque mais picante e sedutor, além de romance na medida certa precisa dá uma chance ao trabalho admirável de Sylvain Reynard. 

  [...] - Não sabia o que era escuridão até perder você". pág. 411